Congresso evidencia potencial de cooperação em neurociências

Prof. Schläpfer conversa com jovens cientistas no estande

Prof. Schläpfer conversa com jovens cientistas no estande

© DFG

(14/6/2019) Participantes do congresso internacional “Brain Behavior and Emotions” puderam conhecer as possibilidades de pesquisa na Alemanha e as oportunidades de colaboração com cientistas do país. O evento, realizado de 5 a 8 de junho em Brasília, reuniu cerca 4 mil profissionais e pesquisadores das áreas de medicina, neurociências, farmacologia e psicologia. O estande da iniciativa “Research in Germany”, organizado pela DFG América Latina, disponibilizou ao longo dos quatro dias de congresso informações sobre o cenário científico alemão, as oportunidades para pesquisadores estrangeiros, bem como a oferta de bolsas e programas de fomento disponíveis.

Na atividade “Meet the Speaker” promovida no estande, o público do congresso teve a chance de se reunir e dialogar com o conferencista alemão Prof. Thomas Schläpfer, docente no Departamento de Psiquiatria e Psicoterapia da Faculdade de Medicina da Albert-Ludwigs-Universität Freiburg. O especialista apresentou seu trabalho a um grupo de cerca de 25 jovens pesquisadores e tirou dúvidas sobre as possibilidades de carreira científica na Alemanha.

A atividade, cujo formato foi experimentado pela primeira vez pela DFG na América Latina, foi muito bem recebida pelos participantes. “Muitas vezes faltam instrumentos e oportunidades para acessar profissionais renomados como ele. Aqui nos foi aberta uma porta que permitiu um contato muito próximo com um pesquisador estrangeiro altamente reconhecido. Ao mesmo tempo, recebemos informações sobre pesquisa na Alemanha. Foi uma oportunidade valiosa”, declarou a farmacologista Dra. Quelen Garlet, professora da Universidade Federal de Rio Grande (FURG).

O Prof. Schläpfer declarou-se impressionado com o grande interesse do público e destacou o potencial de cooperação com o Brasil. “Tivemos um congresso de altíssimo nível científico. Os pesquisadores brasileiros são muito motivados e competitivos, requisitos importantes para uma carreira científica internacional”, declarou.

Neurônios induzidos (em amarelo) e células gliais (em vermelho e verde) no córtex cerebral de um rato

Neurônios induzidos (em amarelo) e células gliais (em vermelho e verde) no córtex cerebral de um rato

© Dr. Nicolás Marichtal

A neurociência tem se revelado um campo promissor para a colaboração internacional. O cérebro ainda guarda infinitos segredos e, há muitas décadas, cientistas do mundo inteiro se dedicam a desvendar seus mistérios e complexidades – uma missão que demanda a colaboração de diferentes expertises e, frequentemente, a cooperação de pesquisadores de diferentes nacionalidades.

Um exemplo é o projeto teuto-argentino que estuda a indução do processo de formação de novas células neuronais, chamado neurogênese, que é fomentado desde 2018 pela DFG em conjunto com a organização parceira na Argentina, CONICET (Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas).

A iniciativa combina o know-how do alemão Prof. Benedikt Berninger, especialista no desenvolvimento e maturação de células-tronco neurais, e do argentino Dr. Alejandro Schinder, expert em reprogramação de células.

“Quando ocorrem danos no cérebro, a recuperação espontânea é muito limitada. Por exemplo, em um acidente vascular cerebral (AVC), os neurônios morrem e não há regeneração. Então, estamos tentando encontrar maneiras de mudar isso”, explica Berninger, docente no Instituto de Química Fisiológica do Centro Médico da Johannes Gutenberg-Universität Mainz.

O projeto realiza experimentos no córtex cerebral de ratos que, no futuro, poderão eventualmente ser aproveitados para o desenvolvimento de novas terapias clínicas.

Para isso, o grupo do Dr. Schinder – sediado no Instituto Leloir em Buenos Aires – trabalha com uma parte do cérebro chamada hipocampo, onde acontece a formação de novos neurônios ao longo da vida. Eles estudam os processos pelos quais as células-tronco neurais dão origem aos neurônios, como eles se integram na rede neural já existente e o que regula essa integração. Esses neurônios amadurecem a uma certa velocidade, mas o ritmo pode ser induzido e acelerado por manipulações do ambiente e por determinados estímulos. O interesse da equipe argentina consiste justamente em investigar como isso acontece e como isso afeta as propriedades dessas novas células.

Em contrapartida, a equipe de Berninger estuda áreas do córtex cerebral onde não há o nascimento de novos neurônios. Mas no laboratório em Mainz, a partir de alguns procedimentos moleculares, os cientistas são capazes de converter outras células em neurônios, um processo chamado reprogramação. “Contudo, esses novos neurônios ainda não estão maduros. A ideia do projeto é aproveitar algumas das lições aprendidas com o Dr. Schinder e testar se podemos melhorar a maturação dos neurônios projetados em áreas do cérebro onde não há neurogênese natural. A ideia é que, talvez um dia, isso pode ser usado para substituir neurônios humanos degenerados”, explica o professor alemão.

Schinder destacou que tal projeto só é possível devido a esforços internacionais. “Não há fronteiras quando se trata de fazer perguntas sobre biologia e natureza. A cooperação permite reunir diferentes abordagens, pensamentos e ideias sobre um problema. Todos contribuem com diferentes perspectivas baseadas em sua própria cultura e ambiente, o que amplia a lente através da qual olhamos as questões”, diz.

Para mais informações sobre este e outros projetos da DFG, confira nossa brochura.