Consultas técnicas governamentais buscam fortalecer parcerias científicas entre Alemanha e Colômbia

Representantes de instituições alemãs e colombianas reúnem-se em Bogotá

Representantes de instituições alemãs e colombianas reúnem-se em Bogotá

© DFG

(17/5/2019) De 13 a 14 de maio, a cidade de Bogotá sediou consultas técnicas entre os governos da Colômbia e da Alemanha. Pela terceira vez, entidades dos dois países se reuniram para tratar de questões ligadas à educação, ciência e tecnologia, bem como para estabelecer novas estratégias de fortalecimento da colaboração binacional neste campo.

A reunião foi presidida do lado colombiano, pelo vice-ministro de Educação Superior do Ministério da Educação Nacional, Luis Fernando Pérez Pérez e o Diretor Geral do Departamento Administrativo de Ciência, Tecnologia e Inovação (Colciencias), Diego Hernández Losada. Do lado alemão presidiu o vice-diretor geral de cooperação internacional do Ministério Federal da Educação e Pesquisa (BMBF), Frithjof Maennel, acompanhado pelo embaixador alemão na Colômbia, Peter Ptassek.

Representantes do BMBF e do Colciencias deram início à programação com um balanço da parceria entre os dois países ao longo dos últimos três anos. Foram destacados os excelentes resultados das consultas técnicas governamentais realizadas em 2015, que contribuíram para um notável aumento da cooperação em áreas políticas estratégicas, pesquisa científica e parcerias público-privadas.

No âmbito acadêmico e universitário, um dos temas de destaque foi como construir colaborações mais perenes, não apenas restritas a intercâmbios e programas de mobilidade. Também foram discutidas estratégias para evitar a fuga de cérebros colombianos.

Juntamente com representantes de outras organizações alemãs, Dra. Kathrin Winkler, diretora da DFG América Latina, foi convidada a participar do encontro e discutir perspectivas para futuras iniciativas de cooperação científicas com instituições da Colômbia. Dentre os interesses colombianos destacaram-se a pesquisa voltada para a inovação e a geração de impacto econômico e social.

Na ocasião, Winkler ressaltou que apesar do senso comum associar estes objetivos à pesquisa aplicada, a pesquisa básica também tem muito a contribuir com questões de relevância social. Um exemplo de sucesso é o projeto MEDICI (Humanitarian Microwave Detection of Improvised Explosive Devices in Colombia), financiado conjuntamente pela DFG e pelo Colciencias. Juntos, pesquisadores alemães e colombianos trabalham em busca de uma solução para o grave problema de minas terrestres, que ainda persiste em território colombiano.

No encontro, a DFG também pôde apresentar suas outras atividades em parceria com a Colômbia. Além do Colciencias, um acordo de cooperação com a Universidad de los Andes (Uniandes) permite o fomento conjunto de importantes projetos nos campos de Engenharia Eletrotécnica e Informação, Informática e Zoologia. Winkler destacou o interesse em identificar novas áreas de pesquisas promissoras para futuras iniciativas conjuntas e ampliar ainda o mais espectro de colaborações entre os dois países.

Desde janeiro deste ano, a DFG mantém também um acordo com a Univesidade de Antioquia (UdeA), que deve abrir novas possibilidades de fomento para projetos bilaterais.

Projeto MEDICI

Dispositivos Explosivos Improvisados (IED) encontrados pelo projeto

Dispositivos Explosivos Improvisados (IED) encontrados pelo projeto

© MEDICI

A Colômbia é o único país da América Latina em que minas terrestres continuam a ser plantadas regularmente. Entre 1990 e 2013, ao menos 10.253 colombianos foram vítimas delas. No projeto MEDICI, realizado entre 2014 e 2017, 14 pesquisadores das universidades Ruhr-Universität Bochum (RUB-EST), Technische Universität Ilmenau (TUI), Universidad Nacional de Colombia (UNC) e Universidad de los Andes (Uniandes) reuniram-se para investigar a fundo o tipo mais perigoso dessas armadilhas que ainda ameaçam a população: os Dispositivos Explosivos Improvisados (IED).

Diferentes das minas terrestres regulares, esses dispositivos são manufaturados de forma aleatória com objetos do dia-a-dia. Por isso, possuem mecanismos de funcionamento e formatos variados, o que dificulta muito o trabalho de identificação e desarmamento. Para lidar com essa diversidade, os pesquisadores do MEDICI buscaram explorar novos procedimentos de alta precisão para detectar a localização das minas, independente da configuração de cada uma delas.

Assim como muitos projetos de colaboração internacional, o MEDICI teve seu pontapé inicial durante um workshop prévio realizado em 2012. “Naquela ocasião, nós discutimos que um projeto envolvendo a identificação de minas terrestres era interessante não apenas do ponto de vista científico, mas também de uma perspectiva humanitária”, relatou o coordenador alemão, Dr. Christoph Baer, Conselheiro Acadêmico da RUB.

O caráter humanitário do projeto também potencializou a comunicação com a comunidade não acadêmica. “Nosso trabalho deve ser feito em colaboração direta com o pessoal que trabalha com o desarmamento das minas, para que eles possam ganhar confiança nas novas tecnologias. A experiência mostra que a simples transferência de tecnologia não é suficiente. Por isso, também comecei a oferecer palestras nas nossas universidades parceiras para apoiar a formação da próxima geração de engenheiros colombianos no tema”, disse Baer.

Além do desenvolvimento tecnológico, o projeto gerou um grande entendimento intercultural. “Ao reunir pesquisadores, nós conectamos aspectos culturais e as pessoas passam a pensar ‘fora da caixa’. É a oportunidade perfeita para reduzir estereótipos e conectar pessoas ao redor do mundo. Como tudo é baseado em pesquisas comuns, as discussões nunca ficam tediosas e nossa conexão se enraíza de forma muito sólida”, comentou o coordenador.

A iniciativa acabou criando outros desdobramentos: o MEDICI foi o ponto de partida para a fundação do Special Interest Group on Humanitarian Technology (SIGHT) Germany Section em 2017, cujo escritório principal fica na RUB. Além disso, o grupo está preparando projetos para a continuidade da pesquisa e trabalhando em um programa de intercâmbio de pesquisadores. “Espero ansiosamente por um próspero e conectado futuro comum”, declarou Baer.

Para mais informações sobre o projeto, consulte a brochura da DFG América Latina.