Instituto em São Paulo pesquisará desafios de sociedades marcadas por desigualdades

(Da esq. à dir.) Raul Machado, Sergio Costa, Axel Zeidler, Brigitta Schütt, Marco Antônio Zago, Barbara Potthast e Angela Alonso
(11/04/2017) Em cerimônia oficial realizada na reitoria da Universidade de São Paulo (USP) no dia 3 de abril, foi formalizada a inauguração do Instituto Merian América Latina. Por até doze anos, o instituto será financiado pelo Ministério de Educação e Pesquisa da Alemanha (BMBF), no âmbito de seu programa de fomento dedicado a financiar centros de estudos avançados em diferentes regiões do mundo.
Ao lado da USP, que sediará as instalações do instituto, mais seis instituições, reunidas em consórcio, ficarão a cargo da implementação do projeto: a Universidade Livre de Berlim , a Universidade de Colônia e o Instituto Ibero-Americano, pelo lado alemão, bem como o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), o Instituto de Investigaciones en Humanidades y Ciencias Sociales (CONICET/Universidad Nacional de La Plata) e El Colegio de México, na América Latina.
Oficialmente nomeado "Maria Sibylla Merian International Centre for Advanced Studies in the Humanities and Social Sciences", o instituto será destinado aos estudos dos desafios da convivialidade em sociedades marcadas por grandes desigualdades sociais e diferenças culturais, religiosas e/ou étnicas.
“Não é trivial, por exemplo, que ateus e religiosos, sexistas, gays, lésbicas e transgêneros, xenófobos e imigrantes vivam juntos em uma mesma cidade, e algumas vezes, até mesmo no mesmo prédio. Mas sim, eles compartilham os mesmos espaços físicos e sociais! Neste instituto, queremos estudar esta improbabilidade em contextos que não são apenas diversos, mas também altamente desiguais. E diversidade e desigualdade têm sido marcos centrais nas sociedades latino-americanas desde os tempos coloniais”, disse o Prof. Sérgio Costa, da Freie Universität Berlin, na cerimônia de abertura.
O centro investigará a questão da convivialidade em diferentes níveis e, para isso, reunirá pesquisadores das áreas de estudos culturais e literários, direito, sociologia, ciências políticas, filosofia, história, economia, estudos de gênero e estudos ambientais. De acordo com as diretrizes do BMBF, há uma fase de três anos de estabelecimento do centro e de ajustes de seu programa de pesquisa. Se bem-sucedida, após este período dá-se início à fase principal de seis anos, na qual o centro contará com uma extensa e permanente equipe de coordenação e pesquisa, além de cerca de dez pesquisadores bolsistas internacionais, que serão convidados anualmente.
Contribuir para a redução da assimetria Norte-Sul relacionada à produção e circulação de conhecimento, intensificar a cooperação científica entre a Alemanha e América Latina e também entre o Brasil e os demais países de língua espanhola são alguns dos objetivos do instituto. “A importância social e política do tema que vamos lidar também nos permitirá contribuir para os debates públicos e formulação de políticas”, mencionou ainda o Prof. Costa.
Também estiveram presentes na cerimônia o cônsul-geral da Alemanha em São Paulo, Axel Zeidler, o reitor da USP, Marco Antônio Zago; a vice-presidente da FU Berlin, Brigitta Schütt; a diretora do Departamento de Estudos Ibéricos e Latino Americanos da Universidade de Colônia, Barbara Potthast; a presidente do Cebrap, Angela Alonso; e o presidente da Agência USP de Cooperação Acadêmica Nacional e Internacional, Raul Machado.